O Sesc Piracicaba exibe a 12ª edição da Bienal
Naïfs do Brasil, com curadoria de Diógenes
Moura e participação de 81 artistas, de 16 estados do país, os quais
apresentam narrativas originárias de uma percepção sobre suas culturas,
retratadas em cenas da vida cotidiana e com sofisticada simplicidade. 106 obras
- pinturas, esculturas, gravuras, bordados, tecelagens, entre outros materiais
– foram selecionadas pelo júri, este ano formado por Antônio Santoro Junior, Kelly
Cecília Teixeira, Oscar D`Ambrosio
e Valdeck de Garanhuns. A ideia para
compor a Bienal Naïfs do Brasil 2014
é a de extrapolar os limites da estética tradicional e chamar a atenção do
público para novos caminhos da produção de arte popular.
Criada
em 1992 pela Unidade de Piracicaba
do Sesc São Paulo, a Bienal
Naïfs do Brasil foi uma iniciativa pioneira ao proporcionar espaço à
arte ingênua, espontânea, instintiva ou simplesmente chamada de naïf. Pessoas que, na maioria das vezes,
nunca tiveram instrução artística formal e, portanto, são autodidatas, se
expressam plasticamente de maneira original. Nas palavras de Diógenes Moura: “Liberto em sua expressão popular, o artista naïf se livra do medo para
entregar-se à descoberta de si mesmo. Como na fotopintura: ao entregar um
retrato (entre os séculos XVII a XIX, nos Estados Unidos, a pintura
primitivista nasceu da tradição dos retratistas amadores) para ser reproduzido
da forma em que pensamos ou queremos ser, no ambiente que nos convém, entregamos
aos olhos do artista fotopinturista uma parte da nossa existência, para que
possamos ser retratados ’o mais parecido possível’.”. Em seu conceito
curatorial, Diógenes Moura traça uma
aproximação entre o universo da arte naïf
e o universo da fotopintura, com o subtítulo ‘O Santuário Refletido no Espelho’, a fim de proporcionar o encontro
e a possibilidade de relermos dois aspectos de uma manifestação artística
fundamental no Brasil. “A fotopintura
está ‘dentro’ da arte naïf. Não propomos nenhum tipo de comparação, mas, sim,
de encontro: um pertencimento que deverá ser visto e tratado não apenas com
olhos ‘de passagem’.” O curador ainda sinaliza as dificuldades pelas quais
tanto a técnica da fotopintura como a arte naïf
vem encontrando ao longo das últimas décadas para terem o merecido
reconhecimento. “Tratado como grande
pintor, o mais reconhecido dos primitivos, o francês Henri Rousseau tem sua
obra no Louvre, ao lado da Mona Lisa. Por que temos tanta dificuldade em
entender o que é nosso? Por que queremos sempre ser o “outro”, importado,
superficialmente tingido e com prazo de validade vencido?”.
Nesta
mostra, podem ser encontradas cenas que retratam a natureza e a presença do
homem, o rural e o urbano, o vilarejo e a metrópole, as festas, a religião,
enfim, visões poéticas sobre nosso país, sobre a cultura brasileira. Para esta
edição, a proposta também é ultrapassar limites físicos do Sesc Piracicaba, incluindo no roteiro da Bienal instalações, intervenções, palestras, peças teatrais,
oficinas e apresentações artísticas, com dança, DJ`s, ateliês abertos, etc.
A
origem da Bienal Naïfs do Brasil remonta ao ano de 1986, por ocasião da
primeira exposição coletiva reunindo um pequeno grupo de artistas naïfs no Sesc Piracicaba, como parte do projeto Cenas da Cultura Caipira. Já na primeira edição bienal, em 1992,
originalmente denominada de Mostra
Internacional de Arte Ingênua e Primitiva, o evento foi premiado pela APCA -
Associação Paulista de Críticos de Arte na categoria de Melhor Evento de Artes
Visuais do Interior do Estado. Em 2006, 41 obras, de 36 artistas, foram expostas
na “Brazilian Naive Art from the Sesc
Collection”, no Centro Cultural de Chicago (Chicago Cultural Center) - Chicago
(EUA), numa reedição das obras premiadas entre os anos de 1992 a 2002. Ao longo
dos anos, a Bienal se estabeleceu como principal evento de arte naïf do Brasil, chegando a sua 12ª
edição neste mesmo ambiente prolífico e fértil de ideias, exibindo as mais
variadas possibilidades de expressão popular produzida em todo o Brasil.
Artistas
de Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul,
Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul,
Roraima, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe representam a cultura local de
seus estados na Bienal Naïfs do Brasil 2014, trazendo um recorte da diversidade
do nosso país no que se refere às religiões, festas populares e demais
características de uma nação cuja cultura é de extrema riqueza.
Exposição: Bienal
Naïfs do Brasil 2014
Realização: Sesc Piracicaba - http://bit.ly/WhwCrV
Curadoria: Diógenes
Moura
Júri: Antônio Santoro, Kelly Cecília Teixeira, Oscar D'Ambrosio
e Valdeck de Garanhuns
e Valdeck de Garanhuns
Abertura: 7 de agosto de 2014, quinta-feira,
às 20h
Período: 8 de agosto a 30 de
novembro de 2014
Local: Sesc
Piracicaba
Rua Ipiranga, 155, Centro - Piracicaba,
SP
Tel.: 0800 771 6243 / (19)
3437-9292
Horários: Terça a sexta-feira, das 13h15 às 21h30. Sábados,
domingos e feriados, das
9h30 às 18h
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